A baixa procura pela emissão do título de eleitor entre adolescentes de 16 e 17 anos preocupa o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Dados da instituição mostram que, em Santa Catarina, apenas 21,5% desse grupo já tinha tirado o documento até o fim de março. Em todo país, o número é ainda mais baixo: 13%. Para o cientista político Eduardo Guerini, essa situação pode ser explicada pela falta de representatividade política desse grupo.
Em fevereiro deste ano, o TSE registrou o menor número de adolescentes com título de eleitor da história. Na ocasião, eram 830 mil eleitores nesta faixa etária. Em 2018, data das últimas eleições majoritárias, o número era de 1,4 milhão de adolescentes.
Para o especialista e professor da Universidade do Vale do Itajaí (Univali), o desinteresse do jovem pela política é reflexo da despolitização dos mais jovens. Ele defende que a ascensão de movimentos contrários à discussão de pautas identitárias ou que tratassem de políticas públicas em escolas contribui para esse cenário de baixa adesão.
— Se criou um certo "terraplanismo democrático" que fez com que o jovem entrasse em uma situação de desalento. E os jovens, que participaram ultimamente dos processos eleitorais, foram alijados do processo. Eles não se sentiram representados e em grande parte se mostraram insatisfeitos com o discurso da nova política que de novidade não tinha nada — explica o cientista.
Nas eleições de 2018, segundo dados do TSE, 1,7 milhão de adolescentes de 16 e 17 anos estavam aptos a votar. Já em 2020, data das últimas eleições, o número foi menor, com cerca de 1 milhão de votantes nesta faixa etária.
Guerini analisa também que a falta de representantes jovens em todas as esferas do poder público também provoca impacto:
— Há uma baixa representatividade desses jovens no espectro das Assembleias, Câmaras de Vereadores e no Congresso Nacional. O que falta é uma base de capilaridade dos movimentos sociais que politizaram os jovens e faziam com que eles entrassem no movimento estudantil, sindical, popular. Isso se perdeu por conta de uma estratégia de despolitização dos jovens.
TSE tem campanha para incentivar emissão do título
Em setembro do ano passado, o TSE lançou a campanha #BoraVotar. O objetivo foi incentivar a emissão do título de eleitor pelos adolescentes. Mesmo com os números ainda baixos, o projeto deu resultado.
Entre setembro e março deste ano, em Santa Catarina, a emissão cresceu 151% de setembro de 2021 para março de 2022.
Além da veiculação de propagandas, a campanha do TSE promoveu também sorteios de aparelhos eletrônicos para quem fizesse o documento.
Adolescentes têm até 4 maio para fazer o título
O cadastro do título de eleitor pode ser feito até 4 de maio. A data é a mesma para a regularização do documento.
O primeiro passo para emitir o título é acessar o TítuloNet, que fica na página do TSE. É necessário informar o Estado onde mora e enviar um comprovante de residência e foto. Para os homens com mais de 18 anos, é cobrado também o certificado de quitação de serviço militar.
A emissão do título não é obrigatória para menores de 18 anos.
Fonte(s): NSC
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