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Mauro Becker

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Segundo ciência, seu amigo chato é o que mais te quer bem

A maioria das pessoas tem aquele amigo chato que sempre puxa a orelha. Mas ele pode ser o que mais te quer bem, como diz um estudo.
Segundo ciência, seu amigo chato é o que mais te quer bem

Estar rodeado por amigos é uma das melhores coisas da vida. Quem não gosta de se sentir amado e acolhido por pessoas que você sabe que só te querem bem? É inegável que amigos de verdade só fazem bem. No entanto, dentre todas as pessoas queridas, sempre tem aquele amigo que é mais chato porque vive puxando a orelha e falando coisas não se quer ouvir, mesmo quando elas são necessárias.

Por conta desse hábito, muitas pessoas podem nem sempre relacionar esse amigo com um sentimento de amor. No entanto, segundo a ciência, esse é o amigo que mais te ama e mais te quer bem.

Conforme um estudo publicado na “Psychological Science” feito pela Universidade de Plymouth com 140 adultos, essas pessoas que acabam provocando sentimentos negativos nas outras pessoas acreditam que essas emoções trazem benefícios a longo prazo.

Amigo

Awebic

No estudo, os cientistas observaram o comportamento dessas pessoas em situações hipotéticas, como por exemplo, gerar um medo de fracassar em um amigo que ao invés de estar estudando para uma prova está apenas procrastinando.

De acordo com os pesquisadores, quando eles pediram aos participantes que assumissem o ponto de vista da outra pessoa, a probabilidade de esse amigo “chato” escolher experiências e emoções negativas para a outra pessoa acreditando que isso seria útil para ela aumentou. Isso confirmou o que os pesquisadores suspeitavam. As pessoas realmente podem ter em mente que determinadas situações desagradáveis podem gerar coisas boas.

“O que foi surpreendente foi que o efeito de piora não foi aleatório, mas específico da emoção. Em linha com pesquisas anteriores, nossos resultados mostraram que as pessoas têm expectativas muito específicas sobre os efeitos que certas emoções podem ter e sobre quais emoções podem ser melhores para atingir diferentes objetivos”, disse Belén Lopéz-Pérez, principal autor do estudo.

Isso quer dizer que, às vezes, esses amigos podem ser “maus” com você mas não porque te odeiam ou têm a intenção de fazer alguma maldade, mas sim porque eles se importam com você.

Dificuldades

A mente é maravilhosa

É de se imaginar que todo mundo tem esse amigo chato que na realidade te quer bem. Contudo, a realidade infelizmente não é assim para todos. E o número de pessoas que não têm amigos está crescendo. Isso foi visto pelo levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ele mostrou que o número de adolescentes entre 13 e 15 anos que dizem não ter amigos cresceu.

Essa falta de amigos é vista em 3,2% dos adolescentes das escolas públicas e particulares do país. Por mais que, em 2012, essa porcentagem fosse de 3,4%, no Distrito Federal a porcentagem foi maior do que a média nacional. Para se ter uma ideia, entre 2012 e 2019, esse índice em Brasília passou de 3,2% para 4,4%.

O levantamento também mostrou que essa falta de amigos é uma tendência que afeta mais as meninas e os estudantes das escolas públicas. Entre elas, a porcentagem variou de 1,8% para 5% em sete anos. Já com relação aos meninos, essa tendência foi oposta. Ela caiu de 4,9% para 3,8%.

Os especialistas ressaltam que, assim como praticamente tudo, isso gera consequências para a saúde mental dos adolescentes.

Segundo Ricardo Barros, professor de psicologia do Ibmec Brasília, parte da culpa é da tecnologia. “Todo esse aparato tecnológico do século 21 tem funcionado como algo que tem roubado nossa atenção. A primeira atenção que sequestra é a no outro”, disse ele.

Para o professor, as pessoas encontram mais satisfação em interagir com as mais variadas tecnologias. “No fundo, estamos todos viciados. É um fenômeno sociocultural que está em todas a gerações”, pontuou.

Ainda segundo ele, a solidão é como uma epidemia mundial, e quando ela entra na jogada, ela passa a prejudicar as relações futuras desses adolescentes. “Não fomos feitos para sermos solitários. Fomos feitos para conviver em redes”, ressaltou ele.

Barros pontua que conforme ele vê, a sociedade está desaprendendo a conviver com o próximo. Como resultado disso é possível ver um número crescente de agressões e reações negativas por conta do comportamento do outro.

“Nesse tipo de cultura, de estranhamento com o outro, a gente vai ficando muito reativo a construir e manter pontes relacionais”, destacou.

E com tudo isso acontecendo, será que existe uma solução? Na visão de Barros, sim. No entanto, ela não é uma coisa individual. É preciso envolver a escola, família e a sociedade como um todo. “Podemos reaprender a socializar, mas depende da família, das instituições, da escola, do trabalho. Empatia, convivência, relacionamento saudável, tudo isso pode ser ensinado”, disse.

Ele também ressaltou a importância da criação de políticas públicas que incentivem a criação de espaços de recreação para que esses adolescentes possam socializar e fazer amigos.

 

Fonte(s): Curious Mind Magazine, G1

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