Em um momento de instabilidade mundial causada pela guerra na Europa e o cenário de pós-pandemia, Santa Catarina tem conseguido se destacar no comércio exterior e obter resultados importantes em 2022. O bom desempenho é ilustrado pelos números, que mostram o estado atingindo recorde de exportações e importações no primeiro quadrimestre deste ano, dentro da série histórica iniciada em 1997.
O desempenho positivo também se refletiu nos resultados de abril, quando Santa Catarina ultrapassou, pela primeira vez, o patamar de US$ 1 bilhão em exportações em um único mês. Com isso, o acumulado em 2022 alcançou US$ 3,5 bilhões, apontando um crescimento de 27% em relação ao mesmo período do ano passado. No contexto nacional, os catarinenses são responsáveis por 3,6% de todas as vendas brasileiras para o exterior, sendo o décimo estado que mais exporta.
O principal produto exportado neste ano foram as carnes de aves, em valor somado de US$ 1 bilhão. Em seguida, aparecem as carnes suínas, com US$ 431 milhões, e os motores elétricos, com US$ 220 milhões, que assumiram a terceira colocação no primeiro quadrimestre, ultrapassando a soja. Os principais destinos das exportações foram os Estados Unidos (20%), China (15%) e Argentina (6,6%).
As importações também aumentaram 13,6% em relação ao ano passado e acumulam US$ 8,8 bilhões até abril, colocando Santa Catarina na segunda posição entre os estados que mais importam no país, apenas atrás de São Paulo. Os catarinenses são responsáveis por 10% de todas as compras que chegam do exterior.
O destaque entre os produtos mais importados, por exemplo, é o cobre refinado, com movimentação de US$ 375,9 milhões no primeiro quadrimestre. Na sequência, estão os semicondutores e os fertilizantes nitrogenados. Em relação aos principais mercados, a liderança é da China (40%), acompanhada pelo Chile (6,7%) e a Argentina (5,8%).
Com os valores de importações e exportações, o saldo da balança comercial apresenta déficit de US$ 5,2 bilhões em 2022, não sendo uma novidade para o estado, que historicamente compra mais do que vende.
No entanto, na corrente de comércio - representada pela soma de exportações e importações - Santa Catarina acumula US$ 12,3 bilhões, posicionando-se em quinto lugar no Brasil, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Paraná. Foi a mesma colocação em que os catarinenses terminaram o ano passado.
Internacionalização e abertura de novos mercados
O desempenho positivo no primeiro quadrimestre pode ser explicado por alguns fatores, de acordo com a presidente da Câmara de Comércio Exterior da Federação das Indústrias de SC (Fiesc). Entre eles, Maria Teresa Bustamante destaca o trabalho realizado pela entidade, principalmente com as pequenas e médias indústrias, para ampliar a internacionalização das empresas catarinenses.
- A Fiesc tem um programa para promover a alavancagem das empresas, que têm feito investimentos internos em melhorias e capacitação para aumentar a venda no mercado externo. Hoje, estamos colhendo esses resultados - explica.
Nos últimos quatro anos, foram mais de 500 empresas de Santa Catarina que iniciaram vendas para o exterior. Segundo Maria Teresa, elas começam aos poucos e acabam expandindo seus negócios ao longo do tempo, tendo contribuído para o aumento das exportações catarinenses em 2022.
Outro fator importante tem relação com os esforços dos países em diversificar as matrizes de fornecedores. Com isso, Santa Catarina tem aberto novos mercados de atuação e ampliado o número de clientes que compram de indústrias catarinenses para fornecer produtos a outros países.
Além disso, o estado ampliou a venda de alguns materiais em razão do conflito na Europa. A Ucrânia era um dos grandes exportadores de plásticos e químicos, mas viu os parceiros buscarem novos mercados para atender a demanda durante a guerra. Isso fez com que Santa Catarina registrasse um aumento expressivo nessas categorias de produtos.
A expectativa da presidente da Câmara de Comércio Exterior da Fiesc é de que o desempenho positivo do estado se mantenha ao longo de 2022. Segundo ela, há uma empreitada da entidade para que as indústrias conheçam outros mercados e ampliem cada vez mais as exportações catarinenses.
Joinville: do cobre refinado aos guarda-chuvas
A maior cidade catarinense ocupa a segunda colocação entre os municípios que mais importam e exportam no Estado, atrás apenas de Itajaí. Foram quase US$ 400 milhões movimentados para fora do país até agora, com crescimento de 30% em relação ao mesmo período do ano passado. Por outro lado, são US$ 1,3 bilhão de importações, gerando um déficit de quase US$ 1 bilhão na balança comercial de Joinville.
O município tem na liderança dos principais itens de importação o cobre refinado, quase todo originário do Chile e do Peru. Na sequência estão os carros, em sua maioria trazidos da Argentina, e os polímeros de cloreto de vinilo (também conhecidos como PVC), importados basicamente da Colômbia.
Em relação às exportações, as partes de motor são responsáveis por 37% do comércio realizado com o mercado internacional. O destino deste tipo de produto se divide, principalmente, entre Estados Unidos (34%) e México (28%), além de Reino Unido e Alemanha.
Entre as curiosidades do comércio exterior joinvilense estão a importação de US$ 142 mil em guarda-chuvas e sombrinhas da China no primeiro quadrimestre deste ano. O país asiático também mandou o equivalente a US$ 113 em bicicletas para Joinville, que é popularmente conhecida como a “Cidade das Bicicletas”.
Já em relação às exportações, o município enviou produtos para 95 países em 2022. Entre eles, estão territórios muito pequenos e que poucos conhecem, como Reunião e Martinica. E o país que menos importou de Joinville foi Gana, com apenas US$ 71. Foram US$ 68 com produtos de beleza e maquiagens, além de US$ 3 com sabões.
Florianópolis: da sucata de ferro aos fertilizantes
Apesar de ser a capital catarinense, Florianópolis não tem destaque em relação às exportações. São apenas US$ 17,5 milhões em produtos enviados para o mercado internacional neste ano, o que representa 0,4% de todo o estado e coloca a cidade na 36ª posição entre os municípios que mais exportam em Santa Catarina.
Quase metade das exportações são de sucatas de ferro, com comercialização de US$ 8,3 milhões. O principal destino é Bangladesh, que fica com 97% do produto, além de Índia e Paquistão. Em seguida, também aparecem a venda de telefones - Estados Unidos, Rússia e Reino Unidos como destinos mais comuns - e os perfumes - para Holanda e Chile.
A participação de Florianópolis nas importações catarinenses é maior, com US$ 290 milhões no primeiro quadrimestre (3,3% de todo o estado). O número representa um aumento de 74%, se comparado ao mesmo período do ano passado, e deixa a capital na 6ª colocação entre os maiores importadores de Santa Catarina.
Os produtos mais trazidos do exterior são os fertilizantes nitrogenados, com US$ 35 milhões. Eles são comprados de três países: Nigéria, Catar e Rússia. Em seguida, está o minério de molibdênio, com US$ 30 milhões, importados do Chile.
Entre as curiosidades do comércio exterior da capital catarinense estão a exportação de pouco mais de US$ 1 mil em medicamentos terapêuticos para Cuba e outros US$ 1,1 mil vendidos para a Letônia em artigos e equipamentos físicos, malas e camisetas.
Já nas importações, foram comprados US$ 355 em chás da Ruanda e outros US$ 843 do Nepal, além de US$ 771 em óleos essenciais da Nova Caledônia.
Blumenau: do ferro aos acessórios para carros
A terceira maior cidade de Santa Catarina ocupa a sétima colocação entre os principais importadores do estado e a 14ª posição na lista de exportadores, tendo movimentando US$ 268 milhões neste ano. A maior parte deste valor está nas compras do comércio internacional, que somam US$ 224 milhões, representando aumento de 22% em relação ao mesmo período de 2021.
O principal produto importado por Blumenau são os revestimentos de ferros laminados planos, destinados exclusivamente para a China e que acumulam US$ 16,2 milhões no ano. Na sequência, aparecem as máquinas de costura, com US$ 11,2 milhões, e as blusas de malha, com US$ 7,7 milhões - ambas vão quase na totalidade para o mercado chinês.
Já as exportações movimentam valor menor na balança comercial blumenauense, com US$ 44,3 milhões em produtos negociados em 2022. Até o momento, as partes e acessórios para veículos lideram a lista, somando US$ 5,6 milhões, com principal destino sendo os Estados Unidos.
Os transformadores elétricos estão em segundo no ranking, com US$ 3,1 milhões e são negociados com diversos mercados, sobretudo a América do Sul. Em seguida, com o mesmo valor movimentado, estão as máquinas de uso agrícola, vendidas para os países da América do Norte.
Entre as curiosidades do comércio exterior de Blumenau estão a exportação de lã para a Bolívia, no valor de US$ 6, além de alguns produtos vendidos para a Libéria, como US$ 8 em alfarroba, algas, beterraba sacarina e cana-de-açúcar; US$ 8 em plantas e sementes; e US$ 12 em cocos e castanhas.
Fonte(s): NSC
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