A ocupação do oeste de Santa Catarina por colonos descendentes de italianos, alemães e poloneses, trouxe a tradição e o saber fazer de produtos derivados da carne suína, tanto in natura como processada.
No início do século XIX, a ausência da eletricidade fazia com que recorressem ao aprendizado dos antepassados na conservação de alimentos. A lógica era produzir suínos, consumir parte da carne fresca e uma parte era maturada, através da produção de salame. Esse modelo de agricultura, baseado na subsistência e saber fazer constituiu a base histórica do crescimento econômico regional.
Hoje, o Oeste Catarinense é reconhecido em todo país como sendo a principal região produtora de suínos e exportadora de carnes. A notoriedade ocorreu também em função da região ser berço das grandes agroindústrias de processamento de carnes de suínos e aves. Como a Perdigão (Videira), fundada em 1934, a Sadia em Concórdia (1944), a Seara Alimentos em 1956 (Seara), a Safrita (hoje JBS) em Itapiranga (1964) e a Cooperativa Central Aurora em 1969, no município de Chapecó.
Portanto, a base da agro industrialização é o saber fazer dos suinocultores oestinos, a maioria descendentes de imigrantes. Este patrimônio imaterial, quando se trata da suinocultura, se manifesta na forma de produção familiar e processamento artesanal de produtos historicamente consumidos nas propriedades rurais dos colonos.
O salame colonial é fruto do conjunto de conhecimentos tradicionais repassados de geração para geração, que fazem parte do patrimônio cultural das populações rurais da região oeste de Santa Catarina. Mas o que define e diferencia o salame colonial do oeste catarinense? Quais são as técnicas, processos artesanais de produção e formas de consumo tradicionais que o caracterizam? Existem conflitos nos aspectos legais da produção?
Responder estas e outras questões é o objetivo do projeto Salame Colonial do Oeste Catarinense, desenvolvido com o apoio do prêmio obtido no Edital Elisabete Anderle da Fundação Catarinense de Cultura/Governo do Estado.
O diagnóstico pretende identificar e descrever a existência de um saber fazer específico como a receita tradicional do salame produzido pelos descendentes de italianos e alemães (colonos) para registro como patrimônio imaterial de Santa Catarina.
A metodologia do projeto desenvolvido pelos pesquisador Gilmar Antonio da Rosa, Msc. Engenheiro Agronomo, Nedi Terezinha Locatelli, mestre em cultura popular (MinC) e a Ph.D Suelen Carls da Bournemouth University da Inglaterra prevê a realização de oficinas e aplicação de um questionário. Para participar do projeto basta responder o questionário pelo link: https://cutt.ly/pOC32LG
No dia 16 de julho com a organizacão impecável e a presença da Associação Taliana Vêneta de Nova Erechim presidida por Lauri Luiz Uberti e participação do Prefeito Edilson Ferla, Vice-prefeito Elói Correa Borges, Secretários municipais, Vereadores, empresários, produtores de salame, agricultores e consumidores foi realizada uma oficina, com palestra na Câmara de Vereadores e degustação, depois janta (culinária Talian) no salão comunitário.
Neste evento foi acertado que o encaminhamento do registro já deliberado em assembleia realizada em março de 2022, será feito pela da FEIBEMO – Federação de Entidades Ítalo-brasileiras e de Mestres e Oficios da Cultura Taliana, entidade que a Associação Taliana é filiada. O pedido de registro do Salame Colonial tipo Talian será feito junto a Fundação Catarinense de Cultura.
O coordenador da pesquisa Gilmar Antonio da Rosa se comprometeu de que quando o registro no livro dos saberes estiver concluído a cerimônia de certificação será em Nova Erechim/SC, a capital estadual do Talian.
Em Nova Erechim, o projeto contou com a colaboração direta de Noeli Alessi Soletti.
Fonte(s): Nova Erechim
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