O Rio do Braz, em Florianópolis, está coberto de vegetação em alguns pontos. Nesses locais, não é possível ver a água. O professor de Ecologia e Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) Paulo Horta afirmou que a quantidade grande de plantas acaba diminuindo quantidade de oxigênio para outras espécies.
O rio fica no bairro Canasvieiras, no Norte da Ilha de Santa Catarina. Em nota conjunta, a Prefeitura de Florianópolis e a Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) informaram que possuem um projeto de revitalização para o Rio do Braz e que está em fase de licenciamento ambiental. E que a limpeza do rio é feita a cada seis meses pela prefeitura, a última foi no começo do ano.
De acordo com especialistas, a grande quantidade de vegetação representa um descontrole ambiental causado, principalmente, pela poluição da água.
"O rio do Braz na verdade hoje virou uma lagoa de estabilização. Essa grande concentração de plantas mostra que o rio pede socorro. O rio quer respirar", afirmou o engenheiro químico e presidente do Instituto SOS Rio do Brás, José Luiz Sardá. A organização foi criada para tentar salvar o rio.
Oxigênio na água
O professor Paulo Horta explicou a relação entre a quantidade de plantas aquáticas chamadas macrófitas e o oxigênio na água.
“Em um rio que está equilibrado, que não tem problema de poluição, as macrófitas são superimportantes para manter o ambiente harmônico, para manter a produção do oxigênio. Junto com o plâncton, elas são fundamentais", afirmou.
"À medida que a poluição vai crescendo, a gente vê que a quantidade de macrófitas vai aumentando. Isso, até determinados níveis, não é ruim. Muito pelo contrário, está absorvendo esses poluentes", continuou.
Porém, quando há um crescimento exagerado da população de macrófitas, há problemas.
"Elas cobrem completamente a superfície, evitam que a luz chegue ao fundo e, portanto, para com a produção do oxigênio. E, com isso, o ambiente vai ficando com cada vez menos oxigênio até ele chegar àquele estado chamado hipóxico, com oxigênio insuficiente para a manutenção de vida complexa, até aos ambientes anóxicos, que são conhecidos como ambientes mortos, zonas mortas", disse o professor.
Estação de tratamento
Próximo ao Rio do Braz existe uma estação de tratamento da Casan. O resultado do esgoto tratado, chamado de efluente, vai parar na água. Para os moradores, este seria um dos problemas.
"Se esses efluentes tivessem o tratamento correto, eu acredito que essa informação de água imprópria para banho onde essa água do rio acaba desembocando, isso não aconteceria. Então a gente acredita que não está funcionando corretamente, adequadamente, o sistema de tratamento de esgoto", afirmou Airton Giehl, da Associação de Moradores de Ponta das Canas, também no Norte da Ilha.
Desde 2016, a ligação do rio com o mar foi fechada. Havia o entendimento de que a poluição do rio prejudicava a balneabilidade da Praia de Canasvieiras.
Desde 2014 o Ministério Público Federal (MPF) tem uma ação civil pública contra a Casan, buscando a adequação do sistema de tratamento do esgoto da região do rio.
Vegetação cobre Rio do Braz, em Florianópolis — Foto: Tiago Ghizoni/NSC
Na decisão mais recente do processo, no mês passado, a Justiça Federal considerou que "as partes têm colaborado para a busca de uma solução conciliatória". E dá até meados de outubro pra que a Casan formalize uma proposta final de acordo e comprove que implementou medidas solicitadas no local.
Para o professor Paulo Horta, ainda é possível salvar o local.
"O rio não está morto, ele está com sérios problemas de saúde. Podemos dizer que esse rio está na UTI. Ele precisa sim receber atenção do poder público para poder ser recuperado. Precisamos manejar as macrófitas e imediatamente resolver o problema de saneamento básico, que é a causa de todas as mazelas, de todos os problemas que o rio está sofrendo", argumentou Horta.
Fonte(s): G1-SC
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