O preço dos principais cortes de carne bovina caiu em março nos supermercados de Florianópolis. O músculo, um dos mais populares, teve alta de 26% entre 2020 e 2022, mas no último mês registrou queda de 8%. Economistas ouvidos pelo Diário Catarinense dizem que a queda no consumo foi o que fez a proteína ficar mais barata.
Veja abaixo a comparação da inflação no preço das carnes entre março de 2020 a março de 2022, e o comparativo entre fevereiro e março deste ano, conforme dados da Udesc/Esag.
Queda no consumo fez o preço cair
A carne bovina ficou escassa no prato dos brasileiros, após a disparada de preço nos últimos dois anos. Especialistas ouvidos pela reportagem explicam que foi justamente a queda na procura que fez a proteína ficar mais barata na prateleira dos supermercados.
— Com o aumento da carne bovina nos últimos meses a população acabou preferindo comprar outros tipos de proteína com valores mais acessíveis, o que acabou ocasionando um aumento na oferta no mercado — explica a economista da Udesc/Easg, Bruna Soto.
Conforme o analista do mercado de carnes da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), Alexandre Guielh, apesar dos preços no supermercado terem baixado, isso ainda não se refletiu nos preços de atacado.
No entanto, essa queda de preço não deve se manter, segundo o vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), Enori Barbieri. Ele relata que muitos produtores estão com prejuízos e, por isso, parando a produção.
— Temos uma falta de milho no Brasil. Todos os produtos de Santa Catarina de proteína animal que demandam ração, o produtor está pagando para produzir, porque o mercado não aceita o repasse do custo de produção. Caiu a renda das famílias. A grande maioria dos produtores que estão no vermelho, estão parando de produzir, então as carnes vão voltar a subir daqui uns 90 dias — declara Barbieri.
A reportagem do DC fez um levantamento do preço dos principais cortes de carne bovina escolhidos pelos consumidores em três redes de supermercados presentes na Grande Florianópolis: Fort Atacadista, Angeloni e Imperatriz. O levantamento foi feito na primeira semana de abril.
Disparada no preço dos alimentos
A inflação de SC na categoria de alimentação e bebidas acumula alta de 10,94% nos últimos 12 meses, conforme dados da Udesc/Esag, e representa 20% dos gastos das famílias. A carne bovina é um dos produtos que mais pesou no orçamento dos catarinenses.
O impacto dessa alta afeta também pequenos comerciantes que viram a procura pelo produto diminuir. No ano passado, houve inclusive uma discussão sobre a venda de osso de boi em Florianópolis depois que uma placa dizendo "osso é vendido, e não dado" foi flagrada em um comércio da Capital.
O caso expôs ainda mais a dificuldade de muitas famílias para colocar alimento na mesa.
Fonte(s): NSC
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