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Irmãs caminhoneiras contam sua história e falam sobre como vencer o preconceito

Clair e Cleidiane são moradoras de município do Oeste de Santa Catarina
Irmãs caminhoneiras contam sua história e falam sobre como vencer o preconceito

Em versos a dupla sertaneja Cezar e Paulinho, já cantava: “Sou viajante solitário, que carrega o seu rosário, no painel do caminhão”, em homenagem ao caminhoneiro que atrás de um volante corta o tapete preto e percorre milhares de quilômetros nas rodovias Brasil afora. Em uma profissão masculinizada, encontrar mulheres nessa rotina, está se tornando cada dia mais comum, pessoas que  trazem no sangue o amor pela estrada e sem medo enfrentam o preconceito para realizar um sonho.  

 

Essa também é a história de Clair Bettu, de 39 anos, que representa o universo crescente de mulheres que não se intimidam com a dureza dessa profissão e assumem com a maior elegância o volante de veículos pesados. Dona de sua própria liberdade, a moradora de Ponte Serrada, no Oeste de Santa Catarina, começou a dirigir profissionalmente um ônibus de transporte coletivo e levava funcionários até uma empresa. Entre os trajetos diários, olhar os gigantes de ferro que cruzavam seu caminho a fazia viajar em um sonho que em pouco tempo se tornaria realidade.

Após nove meses, a empresa acabou fechando e sem emprego, Clair decidiu alterar a categoria da carteira. Foi então que conseguiu emprego em uma empresa no município de Xaxim para conduzir uma câmara fria, mas acabou sendo chamada para trabalhar como motorista de carreta na empresa Trans Bragagnolo, de Faxinal dos Guedes, onde há mais de quatro anos, a caminhoneira trabalha com o que tanto ama.

“Tenho uma ótima rotina, ela é corrida, mas quando a gente ama o que faz é diferente. Faço duas viagens na semana e normalmente no fim de semana estou em casa, fico mais tempo fora quando preciso ir para a região do Mato Grosso, e Rondônia, fico até 15 dias na estrada. Nossa profissão é apaixonante e a cada dia que passa se torna um vício”, disse Clair. 

Acordar em uma cidade e dormir em outra, ter nas mãos o comando de grandes caminhões e lutar contra as dificuldades e adaptações apenas por ser mulher. Segundo Clair, muitos locais ainda não se adaptaram para receber mulheres, como por exemplo, posto que ainda possuem apenas chuveiros apenas para homens.  

Irmãs dividem o amor pelo volante 

Inspirada pela irmã Clair, Cleidiane Ines Bettu, de 28 anos, também optou por seguir no tapete preto. O amor que nasceu após uma viagem de caminhão ao lado da primogênita, foi mantido e fez com que ela buscasse por oportunidades na área. Há dois anos na profissão, a jovem iniciou os trabalhos na mesma empresa que Clair,  com um caminhão Poli Guincho, retirando resíduos e levando até um aterro sanitário. 

Pouco mais de um ano após a primeira oportunidade, Cleidiane recebeu uma nova chance, dentro da própria empresa, provando a si, ser capaz de realizar todos seus sonhos: “O que mais marcou foi o dia em que peguei o primeiro caminhão para trabalhar. Foi ali que consegui provar que sou capaz de conseguir tudo o que tanto sonhei, depois de tantas tentativas sem sucesso”, lembrou Cleidiane.

Hoje as irmãs levam na boleia a saudade da família e lidam com comentários infelizes, simplesmente por ser mulheres:

“Já passei por situação em que um funcionário de uma empresa falou que não era para mandar motoristas mulher pelo fato de que lá o motorista efetua a descarga sozinho, dando a entender que as mulheres não têm capacidade de fazer tal serviço”, comentou a caminhoneira.

De acordo com as irmãs, para vencer o preconceito dentro de uma profissão dominada por homens, é preciso sempre ir à luta, não baixar a cabeça e mostrar que é capaz. Uma dica que Clair deixa para quem tem o mesmo sonho que elas é “deixar o medo de lado e não ligar para comentários negativos, olhar para frente e ter foco no que sonha”. 

 

Fonte(s): ClicRDC

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