Pichações com frases contra mulheres, judeus e em apoio ao crime de estupro foram encontradas em um banheiro da Universidade Federal de Santa Catarina, em Florianópolis. A ação criminosa ocorreu dias após a prisão de alunos suspeitos de atos neonazistas.
O Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da instituição informou que um processo interno foi aberto para apurar a autoria dos crimes. A Polícia Civil também investiga o caso.
Um ato contra as pichações, feitas no terceiro andar do CCJ no início da semana, foi realizado nesta quarta-feira (26) pelo Centro Acadêmico XI de Fevereiro (Caxif).
"É necessário nos posicionarmos para além das palavras. Como representantes do movimento estudantil no curso de Direito da UFSC, este é, mais do que nunca, o momento de reforçarmos nosso compromisso incontornável com o Estado Democrático de Direito de maneira concreta", destacou um texto do grupo.
O curso de Direito também emitiu nota conjunta com os alunos, técnicos administrativos e professores, repudiando as manifestações de ódio e informando que registrou um boletim de ocorrência perante o Departamento de Segurança da instituição. A reitoria também foi notificada sobre o ato e acionou a Polícia Civil.
Questionada pelo g1 SC, a Polícia Civil informou que "verificando de procedência das informações e tomará as medidas cabíveis para apuração" por meio da Delegacia de Repressão ao Racismo e a Delitos de Intolerância da Diretoria Estadual de Investigações Criminais.
Os policiais não informaram se as pichações têm relação com o grupo preso na última semana.
Outro caso de pichação em banheiros foi denunciado pela universidade há menos de um mês. Uma aluna negra do curso de Pedagogia teve o nome escrito junto a frase “volta para quilombo, preta fedida”.
O caso segue sendo apurado internamente e ainda será discutido no Conselho Universitário para criação de ações de combate ao racismo.
Grupo suspeito de neonazismo
A Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) confirmou que vai solicitar à Polícia Civil informações sobre os alunos da instituição presos por suspeita de neonazismo no Estado. Com os dados, a instituição vai adotar "medidas disciplinares cabíveis"
O caso, revelado pelo Fantástico no domingo (23), mostrou que ao menos quatro suspeitos de pertencerem a uma célula nazista em Santa Catarina estudam na universidade.
Ao tomar conhecimento da ação da Polícia Civil, a UFSC afirmou também que "oferece colaboração para o total desvendamento e punição a este crime".
De acordo com a reportagem, uma operação da Polícia Civil na quinta-feira (20) prendeu temporariamente três suspeitos de participarem do grupo em Joinville, no Norte, e um na cidade de São José na Grande Florianópolis. A investigação já identificou outros suspeitos.
No Brasil, a Lei nº 7.716, de 1989 prevê como crime "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", tal como outras formas de divulgação do nazismo.
Fonte(s): G1-SC
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