O mundo está de olho na COP27, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. Regina Rodrigues, professora do curso da Oceanografia da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), realizará uma palestra no evento, marcada para esta quarta-feira (7).
Ao ND+, ela listou os principais dilemas e reflexos das mudanças climáticas em Santa Catarina: dentre eles a estiagem que acometeu o Oeste do Estado e mudanças no sistema de chuvas no Estado, com intensidades e intervalos maiores.
“Santa Catarina está indo num caminho que a médio prazo é perigoso”, pontua. Para ela, dentre as ameaças, está a ocupação desregrada na área costeira do Estado e o desmatamento da mata ciliar, realizada principalmente para a ampliação da agricultura.
“É necessário agir de forma mais sustentável, preservando as matas ciliares (localizadas no entorno dos corpos d’água) próximas aos rios e nascentes”, pontua. Ao devastar a vegetação no entorno, aumenta a entrada de sedimentos e poluição na água, o que acelera o assoreamento e a evaporação da água.
Em fevereiro deste ano, a estiagem já tinha provocado um superior a R$ 3,7 bilhões à agricultura de Santa Catarina. “É dar um tiro no pé”, afirma a professora.
Ressacas mais fortes
As mudanças também são percebidas no aumento da intensidade das ressacas, problema intensificado com a a retirado de dunas, o desmatamento dos mangues e da vegetação de restinga, pontua a professora da UFSC.
“Há planos diretores no Estado que permitem a construção até a areia, o que devasta uma proteção natural”, destaca. “Depois as praias acabam engordadas, mas sem seguir estudo científico. O que custa muito. É mais barato preservar do que remediar”, ressalta.
Estiagens mais longas, chuvas torrenciais em períodos cada vez menores também são reflexos. “As mudanças climáticas estão ocorrendo mais rapidamente que prevíamos”, ressalta.
Palestra visa aproximar ciência e sociedade
Nesta quarta-feira, Rodrigues palestrará sobre o tema “Informações Climáticas para Tomada de Decisões”, programa que ela coordena na Organização Mundial de Meteorologia. É uma esperança para o problema: o objetivo é reduzir o abismo existente entre as informações científicas e a sociedade.
“Vou abordar a necessidade de fazer a informação climática chegar a quem precisa: sociedade, tomadores de decisão e autoridades”, resume a professora. “Geramos muita informação climática que não chega na sociedade, pelo menos não de forma fácil”.
As projeções de clima produzidas pela ciência, por exemplo, podem auxiliar o planejamento urbano das cidades: se aumentarem as ressacas ou as enxurradas, será necessário construir estruturas mais fortes. No caso oposto, de seca, é indispensável achar saídas para as hidrelétricas.
“Os setores precisam dessa informação, mas ela não está de forma acessível. Esses planejamentos futuros impactam temas como segurança alimentar e hídrica por exemplo”, ilustra. A palestra terá duração de oito minutos.
Fonte(s): ND+
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