O aumento dos casos de doenças respiratórias em Santa Catarina tem sobrecarregado as unidades de saúde. Pacientes têm esperado horas por atendimento, enquanto hospitais encaram UTIs lotadas e filas de espera por uma vaga.
A aposentada Jaqueline Cunha, de 54 anos, é uma delas. Moradora de Florianópolis, ela levou a filha de 18 anos, que está com sintomas de gripe, até a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) Sul, por volta das 10h para atendimento nesta quarta-feira (1º). Às 14h, a jovem ainda não tinha passado por um médico.
— Nós chegamos a fazer a triagem e pediram para aguardar a ser chamada, e até agora nós estamos aqui esperando. Até liguei pro meu marido para trazer algo para a gente almoçar. Aqui ninguém almoçou nada — comenta.
Ela diz, ainda, que várias pessoas acabaram desistindo do atendimento, devido à demora na unidade. Outro homem, que não quis se identificar, relata que a unidade informou que haverá atraso no atendimento do filho, que também está com sintomas gripais.
— Eu cheguei aqui e já vi a situação [da lotação] pelo estacionamento. A médica da triagem disse que iria atrasar o nosso atendimento. Mas não deram nenhuma previsão em relação ao horário — relata o homem que já registrou a demora no atendimento em outras três oportunidades na UPA Sul.
Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde de Florianópolis informou que os serviços de pronto atendimento estão com busca intensa e os tempos de espera podem ser maiores em casos de menor gravidade. A principal procura é devido a sintomas de doenças respiratórias.
Nas UPAs, por exemplo, todos são submetidos a uma classificação de risco, sendo que os casos mais graves são atendidos primeiro. Uma das orientações é de que a pessoa procure as unidades de saúde ou, então, busque o serviço de atendimento pré-clínico (Alô Saúde) para que receba uma primeira avaliação remota e evite a ir locais com maior fila.
"O diagnóstico tranquiliza"
A procura por atendimento médico também tem sido intensa no Hospital Infantil Joana de Gusmão, em Florianópolis. A vendedora Franciele Caroline, de 27 anos, conta que chegou a esperar 13 horas na emergência com o filho de oito anos na última semana.
— Hoje foi bem rápido, mas na semana passada foi horrível. Ele estava com dor de garganta e febre. Sempre perguntava para a recepcionista que dizia que eu tinha que esperar — explica.
Em nota, a Secretaria de Estado da Saúde (SES) informou que o aumento dos casos de doenças respiratórias tem provocado sobrecarga nos sistemas de saúde. Por isso, a orientação é de que as famílias procurem sempre, inicialmente, as unidades básicas. Isto porque o diagnóstico e o tratamento inicial adequados tendem a diminuir a necessidade por um leito de UTI.
A pasta salienta, ainda, que está comprometida em garantir a assistência total aos pacientes que necessitem de atendimento.
Para alguns pais, no entanto, o que mais preocupa é o diagnóstico, principalmente por conta do crescimento dos casos de gripe nas crianças.
— Nós ficamos aflitos em relação aos sintomas que eles tem. O meu filho saiu de um gripe forte, então o diagnóstico médico tranquiliza. Ainda mais nessa época onde o tempo afeta muitas crianças. Eles sentem muito né? — diz Ana Carolina Guedes Pamplona, mãe do Gustavo de seis anos.
Saúde reforça a necessidade da vacinação
Nesta quarta-feira (1º), a taxa de ocupação dos leitos de UTI pediátricos estava em 96,88%, com 93 das 96 vagas ocupadas. Já em relação a UTI neonatal, 97,78% das vagas estão ocupadas - apenas quatro leitos estão disponíveis.
Atualmente, sete pacientes pediátricos aguardam por um leito de UTI junto à Central Estadual de Regulação de Internações Hospitalares (CERIH). Destes, seis tem problemas respiratórios. A maioria está na Serra catarinense, onde há três crianças a espera de uma vaga.
Por conta disso, a SES também tem reforçado outra medida para conter o avanço nos casos: a vacinação. Isto porque, tanto em relação a gripe quanto a Covid-19, as taxas estão bem abaixo do esperado.
Na vacinação da gripe, até o momento, foram aplicadas pouco mais de 138.165 doses de vacinas contra influenza em crianças de seis meses a menores de cinco anos, o que equivale a 31,2% da população. A meta é de 90% até o final da campanha, que termina na sexta-feira (2).
Em relação a Covid-19, foram aplicadas 440.743 doses em crianças de cinco a 11 anos. A cobertura do esquema completo (primeira e segunda dose) é de 22,90%.
Fonte(s): NSC
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