Estacionado em terceiro e com possibilidades restritas de aliança na disputa eleitoral, Ciro Gomes teve a candidatura à Presidência confirmada nesta quarta-feira (20) na convenção nacional do PDT, realizada na sede do partido, em Brasília.
Ainda sem vice anunciado, ele aparece nas pesquisas de intenção de voto com 8% da preferência dos eleitores consultados. É um patamar semelhante aos 6% registrados no Datafolha divulgado em junho de 2018, o último antes da convenção da legenda que confirmou o pedetista para a corrida eleitoral daquele ano.
É também uma realidade bem distante das projeções feitas pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, que via o pedetista com 15% ou 20% das intenções de votos em março deste ano.
Em 2022, o agora confirmado candidato do PDT se vê diante de uma disputa ainda mais polarizada do que a de 2018, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ainda que preso havia dois meses, liderava os levantamentos de intenção de voto, com 30%. Jair Bolsonaro tinha 17%. A última pesquisa Datafolha, do final de junho, mostrou Lula com 47% e o atual presidente com 28%.
Em uma disputa menos pulverizada que a de 2018, Ciro tem poucas opções de aliança. Partidos como MDB, PSDB e Cidadania, se uniram em torno da candidatura da senadora Simone Tebet (MDB). Com 1% das intenções de votos, Tebet é bombardeada constantemente por alas emedebistas defensoras de Lula e Bolsonaro.
Além dos nanicos, a única possibilidade de Ciro conseguir fechar uma aliança que o beneficiasse seria atrair a União Brasil para o seu lado. Se for bem-sucedido na empreitada, a estratégia pode impulsionar a exposição de Ciro no rádio e na TV. O partido de Luciano Bivar tem tempo de 125,9s a cada bloco de 12min30s. O PDT de Ciro tem 47,3s. A União Brasil, no entanto, é cobiçada pelo PT de Lula para tentar liquidar a fatura já no primeiro turno.
Essa dificuldade deve levar o pedetista a procurar um vice dentro do próprio PDT.
Outra limitação da campanha são os estados. No Sudeste, onde Ciro vai melhor, o candidato tem palanques assegurados em São Paulo -com o pedetista Elvis Cezar- e no Rio de Janeiro, com o ex-prefeito de Niterói Rodrigo Neves. Em Minas, o partido tentou uma aliança com o ex-prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil, mas sem sucesso -o mineiro formalizou apoio a Lula.
No Ceará, a decisão do partido de barrar a reeleição da governadora Izolda Cela e escolher o ex-prefeito de Fortaleza Roberto Cláudio levou a uma reação do PT, que anunciou rompimento e indicou lançamento de candidatura própria. Na convenção, um grupo de militantes do partido segurava cartazes em apoio a Roberto Cláudio.
Ciro também sofre pressão do voto útil. Ala do próprio partido defende voto em Lula para derrotar Jair Bolsonaro no primeiro turno.
Na convenção, Lupi anunciou a distribuição do fundo eleitoral do partido, de R$ 253,4 milhões. Do total, 30% serão destinados a mulheres, como prevê a lei. Além disso, 40% dos recursos serão destinados para as disputas majoritárias, e 30% para os quase 1.400 candidatos a cargos eletivos estaduais e federais.
Fonte(s): NSC
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