A voz tem uma importância fundamental na vida social, acredita a estudante Laura Madel, 23 anos, que passou a se reconhecer na fala ao realizar cirurgia de readequação de voz em Blumenau, no Vale do Itajaí.
O procedimento, que complementou o processo de transição dela, iniciado na pandemia da Covid-19, foi realizado em março deste ano na rede privada. Cinco meses depois, ela garante que se sente mais confiante. "Agora, consigo falar com mais segurança", diz.
Antes da cirurgia, a jovem chegou a fazer fonoterapia, que é um conjunto de exercícios que ajudam na fala, mas o resultado não foi o esperado. Então, optou pelo procedimento cirúrgico.
Antes [da readequação] tinha esse elemento que não sei de onde vinha, que me deixava com uma insegurança muito grande. Estou mais espontânea. A voz tem papel fundamental em toda a vida social”, declarou.
O g1 SC procurou o Ministério da Saúde na quinta-feira para saber se o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o procedimento na rede pública. A reportagem aguarda o retorno.
Tratamentos
Segundo o otorrinolaringologista Guilherme Catani, que realizou a operação de Laura, os tratamentos para a adequação vocal incluem cirurgias que, alinhadas com outros procedimentos, contribuem para que as pessoas trans se reconheçam ao falar.
“O que mais vejo de diferença na vida delas após o procedimento é o quão autênticas elas se tornam, afinal, a voz se encaixa com a personalidade da pessoa e forma uma identidade única", afirmou o médico.
Catani, que também é autor do livro “Guia de readequação vocal para pessoas trans”, explica que o procedimento pode deixar tanto a voz masculina como feminina, e leva no máximo duas horas. Após a cirurgia, é necessário repouso vocal por duas semanas.
Além disso, os pacientes passam por acompanhamento durante três meses. O tratamento geralmente inicia com terapia fonoaudiológica por cerca de dois meses, e depois entra a parte cirúrgica.
Recuperação
Como Laura foi diagnosticada com Covid-19 em junho, a sua recuperação demorou mais, segundo ela. "É uma progressão gradativa, aos poucos a voz vai perdendo a rouquidão e ficando mais nítida".
“Não dói nada, a única barreira é a rouquidão. Na primeira semana a pessoa não fala nada, mas depois vai melhorando. No primeiro mês, é um pouco mais difícil”, relatou.
Fonte(s): G1 Santa Catarina
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